Parece incrível ver com que lentidão e dês-compromisso a sociedade se atenta para os males que direta e diariamente são proferidos a ela. Sobretudo chamo a atenção para os jovens de nossa geração, que perecem se encontrar – parafraseando uma polêmica banda - em “estado de coma semi-profundo”. Muitos fatos se aglutinam, muitos escândalos políticos se repetem e nossa juventude parece estar alheia a tudo o que se passa. Como podemos admitir que nossos jovens não aspirem uma mudança social profunda visto o total descaso que a atual trata a sociedade? Como podemos nos contentar que nossos jovens existam sem existir? Como podemos aceitar que nossos jovens sejam atropelados por uma enorme bola de informações (muitas delas escandalosas) sem se posicionarem? As respostas para muitas dessas perguntas acredito estar no total “Estado de Anomia” no qual a sociedade e principalmente os jovens se encontram hoje. Se compararmos os nossos jovens de hoje com a juventude dos anos 60, 70 e uma boa parte dos anos 90, o que veremos é uma dicotomia orgânica profunda entre elas. Nas décadas a que me referi a cima, pequenas turbulências no Congresso Nacional eram suficientes para que um grupo estudantil se organizasse e, com uma visão política hoje não existente, se colocasse em oposição e transformasse toda sua indignação em um ato público que de maneira decisiva contribuía para uma mudança, para uma reformulação e em alguns casos, para uma verdadeira reorganização política em nossas instâncias democráticas. Hoje parece que esse fervor juvenil se extinguiu, logo agora que temos todos os aparatos tecnológicos a nosso favor, nossos jovens preferem se acomodar, se calar diante de tantas coisas que os afetam. Será que ninguém ensinou a nossos jovens o que é Política? Será que não os ensinaram o que é Capitalismo? Será que não os notificaram a respeito do Comunismo? Será que não conhecem o bom velhinho Karl Marx? Será que não conseguem saber o que é burguesia e o que é proletariado? Receio que a resposta para essas perguntas seja NÃO! Assim sendo se compreende porque tanta alienação, porque tanta ignorância política. Me recuso a acreditar que a memória dos jovens guerrilheiros urbanos do fim da década de 60 e inicio da década de 70, que, de maneira tão apaixonada, se opuseram a ditadura que se instalara no país, esteja sendo esquecida, e que a memória que estamos deixando para as próximas gerações de jovens seja a de que os jovens do início do séc. XXI viviam em uma condição tal, que “acariciavam o lobo, achando que era seu animal de estimação”, não conseguiam diferenciar “banqueiros de bancários mega-traficantes de meros funcionários” e vivam “estagnados e continuavam regredindo enquanto o ‘Comando Delta’ tinha cada vez mais motivos pra permanecer sorrindo”.
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