quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Julgamento de Pilatos: Culpado ou Inocente?


O fato mais marcante para cristãos no muno todo é, sem dúvida, a morte e ressureição de Jesus Cristo! Após esses fatos, o Cristianismo começa a surgir como religião monoteísta alternativa ao Judaísmo. A morte de Jesus é relatada nos evangelhos, assim como todo seu processo de julgamento. Contudo, não são poucos os pontos contraditórios entre as textos bíblicos e a realidade histórica daquele contexto. É necessário ter em mente que os evangelhos são relatos de cunho teológico e que não necessariamente estão comprometidos com a objetividade que a História (enquanto ciência) busca acima de qualquer coisa. Assim sendo, gostaria de destacar uma figura importante dos relatos bíblicos e não menos controversa. Trata-se de Pôncio Pilatos - governador romano na província da Judéia- autoridade política máxima daquela época só abaixo do próprio Imperador. Segundo os relatos bíblicos, Pôncio Pilatos aparece como uma pessoa livre de culpa sobre a morte de Jesus. É ele que diz lavar as mãos com relação a morte de Cristo. É ele também que diz não ver crime algum sobre Jesus. Os evangelhos apresentam um Pôncio Pilatos bom, justo e até mesmo com pena de Jesus. Ora, essa visão bíblica não está em conformidade com a realidade histórica de Pilatos. Pilatos era conhecidamente um governador pragmático e super defensor da ordem pública. Sobre seu comando centenas de pessoas foram crucificadas, torturadas e presas afim de que se mantivesse a ordem. Pilatos tinha plenos poderes para libertar Cristo ou condená-lo, optou pela última. Na verdade, Pilatos estava decidido a matar Jesus, assim como fazia com qualquer pessoa que tentasse rivalizar sua autoridade. Pilatos era um homem ambicioso, cruel, pragmático. A questão é: Porque os Evangelhos tratam Pilatos como uma pessoa boa e sem culpa sobre a morte de Jesus? O primeiro passo é entender que os Evangelhos são escritos décadas após a morte de Jesus (aproximadamente a partir do ano 70 d.C.). Outro ponto é entender o contexto em que estão sendo escritos. Nesse período, o Cristianismo está surgindo como alternativa religiosa ao Judaísmo. Os relatos bíblicos tiram a culpa de Pôncio Pilatos e atribuem aos Judeus. Essa seria uma forma de jogar sobre os Judeus uma culpa importante e dessa forma deixar claro que essas duas religiões não são compatíveis entre si. Ora, assim os judeus são os responsáveis pela morte do grande mestre Jesus de Nazaré, ícone maior do Cristianismo. Esse seria um forte ponto de separação entre Judaísmo e Cristianismo, o que explica a atribuição da culpa aos judeus. Outro ponto é a necessidade de se manter uma boa relação entre o nascente Cristianismo e o Império Romano. Tirando a culpa de Pôncio Pilatos (representante de Roma) seria como se os cristão estivessem dizendo: "Olha, nós não temos problemas com vocês romanos. Nós até gostamos de Pilatos, era um cara 'bacana' não condenou Jesus, etc...". É bom ter em mente que nos primeiros anos do Cristianismo o Império Romano perseguiu, prendeu e matou centenas de cristãos, dai a necessidade de se manter uma boa relação com o Império. Tirar a culpa do romano Pilatos e atribuí-la aos judeus era uma boa oportunidade de estreitar os laços entre Cristianismo e Império, o que mais tarde aconteceria fortemente. Nesse caso, podemos dizer que a contradição entre o Pôncio Pilatos bíblico e o histórico deriva desses dois fatos: nessecidade de afirmação do Cristianismo e seu desligamente do Judaísmo e a necessidade de estabelecimento de uma boa relação entre Cristianismo e Império Romano.

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mais do Mesmo: Cheias do Pomba Abalam Pádua!


"A alta precipitação pluviométrica e o solo já saturado pela água, teriam sido fatores preponderantes para o deslizamento de parte de uma encosta que atingiu pelo menos quatro casas nas proximidades do parque de exposições da cidade. Com o acidente uma residência foi completamente destruída, soterrando seus moradores. Um casal - Cosme Coelho Pinheiros, 40 anos e Marineti Dias Santos, 44 anos - não resistiu aos ferimento e foi resgatado sem vida pelo militares." (Fonte: NoroesteOnLine)

Esse foi o saldo mais negativo das últimas chuvas em Pádua. Sem dúvida essas duas mortes acima citadas foram o pior da "festa", mas não podemos esquecer das dezenas de casas alagadas, das dezenas de famílias desabrigadas e das centenas de pessoas preocupadas com o futuro incerto. Pra mim, o importante de tudo em momentos como esse é pensar partindo da seguinte questão: De quem é a culpa?
Bom, o problema é antigo. As lembranças de 2008 estão absolutamente recentes. Outro coisa é que sabemos que além de antigo o problema vem piorando graduativamente. Prova disso é o paralelo que podemos traçar entre as enchentes de 1979 e 2008. Todas as pessoas que tive a oportunidade de conversar e que presenciaram as duas enchentes foram categóricas unanimes em afirmar que em 79 o volume de água foi maior, mas em 2008 os estragos provocados foram mais graves. Isso mostra a evolução do problema num período de menos de 30 anos. Não sou a pessoa mais indicada para discutir tecnicamente o que deve ser feito e como deve, mas o que me parece claro é que alguma coisa deve ser feita, ou se não assistiremos todo final de ano o mesmo filme, diga-se de passagem, de terror! Espero que as autoridades competentes se articulem para traçar soluções a curto e a médio prazo pois o problema é gritante. Espero também que a culpa não seja jogada (como geralmente acontece) nas forças da natureza e, tão pouco, em Deus! Como estamos ainda em clima natalino, acho que o presente ideal para população paduana seria a seriedade das autoridades e a tomada de providências, se não o que vamos ver todo final de todo ano não será o saco do Papai Noel com seus conhecidos presentes, mas sim o saco negro do IML com seus lamentáveis corpos!

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Antigo e Cada Vez Mais Sério Problema das Chuvas em Pádua


É impressionante como algumas poucas horas de chuva são suficientes para transformar Pádua em um caos completo! Nesse ultimo domingo (26/12/10) eu pude vivenciar isso "in locu"! Pra começar, com menos de 30 minutos de chuva o centro de Pádua estava completamente alagado, e o pior, comigo lá! Passado isso, pensei que os problemas tinham acabado. Triste islusão! No caminho do centro até minha casa acabei enfrentando uma verdadeira aventura. O Centro da cidade se transformou em uma extensão do Rio Pomba que eu tive que atravessar heroicamente. Vencida essa etapa, fui ao nível dois. Já sem tênis e completamente adaptado as circunstâncias climáticas adversas, fui mais uma vez surpreendido, dessa vez em frente a minha querida escola; o CIEp-266! Lá a coisa estava terrível, um nível absurdo de água tomou conta daquele local de maneira que ninguém de carro ou moto se atrevia a desafiar a força das águas. Mas eu, que estava de bicicleta, e completamente revoltado me arrisquei. "Animado" com o fracasso de um motorista e de um motociclista que ficaram presos na água, parti sem medo de ser feliz. Mas, como nada é tão ruim que não possa piorar, no meio de minha ofensiva eis que as luzes se apagaram. Tive que abortar a missão momentaniamente. Minutos depois as luzes voltaram a se acender e eu retomei a missão. Todos no local se perguntavam a mesma coisa: Será que ele vai conseguir?! Parti como um soldado vietinamita em meio aquela torrente tenebrosa. Num determinado momento a água chegou próximo a cestinha da bicicleta, mas eu não desanimei e consegui passar. Toda essa Odisséia foi vivida entre o Centro de Pádua e o Bairro Cidade Nova. Sei que parece ser engraçado, mas o fato é que temos que repensar toda infra-estrutura de Pádua. Não é normal que situações como essa acorram. Tudo isso seria cômico se não fosse trágico. A pior parte dessa história ficou por conta da morte de duas pessoas que foram soterradas em virtude da chuva. Com tudo isso, acho que está escandalizado um grave problema de infra-estrutura em Pádua. Penso que as autoridades públicas devem se articular na busca de soluções imediatas. É inaceitável que a morte dessas duas pessoas não sirvam de alerta geral e que soluções não sejam ao menos pensadas!

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

domingo, 26 de dezembro de 2010

A Ocupação das Favelas no Rio: Liberdade ou Prisão?


Passado alguns dias da ocupação feita pelas forças armadas na Vila Cruzeiro e no conjunto de favelas do Alemão, chegou a hora de fazermos algumas análises. A primeira delas, é deixar claro que não hove heroísmo algum dos militares, já que o confronto direto com os traficantes se mostrou hipotético. De qualquer forma, essas favelas foram ocupadas. Se não tivermos um olhar crítico, essa ocupação se mostra absolutamente positiva, mas, como a idéia desse blog é ser crítico, vejamos os fatos. Essas comunidades viveram grande parte de sua existência sem a presença do Estado e de todo aparato estatal necessário para uma boa qualidade de vida. Na ausência do Estado, o poder paralelo do traficantes acabou se estabelecendo como a coisa mais próxima de um governo nessas favelas. Ora, se faltava o gáz, não era o Estado que trocava a botija e sim os traficantes. Se o morador não tinha renda para pagar contas de água e luz, não é o Estado que garantia o abastecimento e sim os traficantes. Até mesmo em linhas de maior "luxo" como TV à CABO (ou à gato) e INTERNET (ou gato-net) eram mantidos pelos traficantes, ao passo que o Governo Federal oferecia pura e simplesmente um ridículo bolsa-família. É claro que os traficantes agiam completamente a margem da lei (pelo menos das leis da Constituição) sendo muitas vezes juizes, júris e carrascos nessas favelas. Seja como for, na comparação entre benefícios trazidos pelo Estado e benefícios trazidos pelos traficantes, esses últimos troxeram muito mais! Sem nem entrar no mérito das ações marginais de alguns PMs que, deliberadamente, estavam invadindo casas de moradores (com o pretexto de fazer uma revista) para roubar objetos e dinheiro (o que jamais um traficante faria e nem permitiria que alguém fizesse), não se pode fugir da questão elementar que é: Com a saída dos traficantes (pilares na ausência do Estado) e com o comando dessas regiões cabendo agora ao Estado (que sempre esteve ausente), como ficará a vida desses moradores? Será que a intervençao do Estado vai melhorar as condições de vida? Será que os moradores vão sentir falta do auxílio dos traficantes? E as contas de água e luz que agora terão que ser pagas? E o fim da "gatonet" e da "TV à Gato"? O bolsa família consiguirá dar o mesmo suporte que o dinheiro dos traficantes dava? Todas essas são questões que me pareceram passar a margem das discussões da televisão e dos jornais, mas são questões cruciais nesse contexto. As respostas só poderão ser dadas pelo tempo, as consequências só poderão ser medidas 'a posteriori', mas as perguntas devem ser pensadas agora! Seja como for, tenhamos em mente: A liberdade chegou às favelas, ou o que chegou foram as grades da prisão?
Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)