quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Rio Olimpíadas 2016 X Rio Insegurança Pública 2009




Não é novidade para ninguém que o Rio de Janeiro sofre com interminantes problemas de segurança pública. Em contrapartida, nunca é demais se refletir sobre esse assunto, sobretudo quando se tem um componente da magnitude de uma olimpíada.
Recentemente assistimos a mais um episódio dramático com estirpe de filme de guerra em uma favela carioca. Um helicóptero foi abatido em mais uma operação ineficiente da policia militar. Esse episódio ilustra a total falta de condições técnicas da PM na repreensão do crime organizado. É interessante lembrar que, um efetivo grande de policiais não se traduz em um efetivo eficiente. Entrar em uma favela com 2000 homens pode ser mais perigoso e ineficiente do que entrar mesma favela com 50 homens, tudo vai depender do grau de condicionamento técnico, físico e estratégico dos grupamentos em questão. Vejamos o caso do abatimento do helicóptero. É sabido da polícia que os traficantes cariocas possuem em seu arsenal armas como o “fuzil 762”, a metralhadora “ponto 50” e a metralhadora “ponto 30”, todas elas com poder antiaéreo. Sabendo disso como se justificar a entrada de um helicóptero não preparado para missões de guerra voando a uma altura convidativa para o abatimento?! Isso foi com pedir a um militar que dançasse tango sobre um campo minado, o resultado não poderia ser outro. Isso é reflexo da falta de comando estratégico da PM. Não se pode querer combater o crime e dar segurança a população agindo de forma tão infantil e ridícula como o ocorrido recentemente. Enquanto a polícia se mostra despreparada e ineficiente os criminosos passam regularmente por treinamentos táticos de guerrilhas. Enquanto a polícia utiliza armas relativamente ultrapassadas os criminosos se renovam até mesmo com “lança mísseis de mão” vindos da OKAIDA. A única medida da secretaria de segurança pública do Rio e da PM e a realização de novos concursos pra ingresso na PM. Formar novos policiais não resolve. Antes de se pensar em formar novos policiais, é preciso que se pense em formar bons policiais. Entre um grande contingente e um bom contingente deve-se optar pelo segundo.
Esperamos por mudanças. Tomara que com os jogos olímpicos e os inevitáveis investimentos elas venham, e tomara também que se vierem continuem como um legado para sociedade tão assustada e tão desamparada pelas instituições que deveriam protegê-la.

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

Os Jovens e a Leitura: Como Está Esse Relacionamento?!




Cada vez mais observo uma triste realidade entre nossos estudantes de hoje. A maioria absoluta deles vive sem livros e sem leituras. Nem ao menos um jornal, uma revista, nada. Não por acaso, é sabido de todos que existe hoje uma clara necessidade de se criar nas escolas o hábito de leitura como forma de desenvolver o espírito crítico.
Essa realidade reflete graves problemas entre nossos estudantes, dentre eles, um universo vocabular extremamente pobre e restrito. Outro problema é a falta de estrutura para receberem as informações que são despejadas em profusão todos os dias, de forma cada vez mais rápida e intensa. Consequentemente, o que se tem é um jovem alienado e indiferente.
Não conseguem interpretar os acontecimentos do mundo. Apenas seguem tendências e idéias, sendo incapazes de se expressar bem e formular suas próprias idéias. Essa carência de expressão e percepção transforma os nossos jovens em meros repetidores do que mal ouvem e do que vêem de relance.
Tudo isso impulsiona a vida de nossos jovens a se restringir em um universo pequeno, e esse pequeno universo será o definidor de sua participação na sociedade que, certamente, também será pequena.
Apontar culpados pra falta de leitura dos jovens estudantes não é tarefa fácil, mas com certeza a raiz desse problema está na escola que não consegue desenvolver no aluno o hábito da leitura e, portanto, falha em sua missão de dar os instrumentos para um saber pensante.
Essa é a triste realidade presente em todos os Estados brasileiros, jovens alunos que não lêem nem sequer jornais e revistas, tornando-se assim meio cegos e mudos.


Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

A Polêmica da Não Obrigatoriedade do Diploma Para o Exercício do Jornalismo



Diante da decisão do STJ de anular obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão, algumas pessoas têm me perguntado com frequência qual a minha opinião a esse respeito e, diante desse número considerável de e-mail que recebi, decidi postar aqui no blog meu posicionamento.
Pra começar, analisando a grade da maioria dos cursos de jornalismo, pude perceber que a faculdade é um pouco genérica no sentido de estudar de tudo um pouco mais sem nenhuma especialização mais clara. Por esse motivo eu considero, com todo respeito às pessoas que cursaram ou cursam essa graduação, um pouco de desperdício de tempo passar quatro anos num curso que a bem da verdade não prepara devidamente o profissional. Qualquer profissional que procura seu espaço no jornalismo sai da faculdade e se especializa em alguma área. Por esse motivo eu defendo não um diploma de graduação em jornalismo, e sim um curso de pós-graduação ou especialização como queiram denominar. Em minha opinião a pessoa deve ter um diploma sim, mas não necessariamente em jornalismo. Por exemplo, a pessoa pode se formar em História e se especializar em uma área jornalística que mais se identifique, buscando as ferramentas técnicas para a profissão. Ou então, a pessoa pode se formar em direito e se especializar, por exemplo, em jornalismo criminal, ou investigativo. Defendo que o profissional deve sim passar pela faculdade, mas em minha opinião qualquer faculdade serviria desde que houvesse cursos de especialização a título de pós-graduação que proporcionasse ao interessado pela profissão condições técnicas para o trabalho.
Contudo, não existe hoje no Brasil essa realidade de especializações em jornalismo, até porque a faculdade é, até então, o veiculo de formação mais comum para o futuro jornalista. Por essa inexistência de cursos de especialização eu tenho que me posicionar entre o grupo de pessoas que defende o diploma universitário para o exercício da profissão, mesmo não achando que é o melhor caminho. Não faz sentido liberar o exercício de uma profissão tão importante para qualquer pessoa, isso comprometi todo o prestígio de uma categoria de profissionais sérios que há tantos anos nos presta serviços extremamente importantes. A legitimidade da informação passa necessariamente pela avaliação séria e lúcida das fontes, e isso só pode ser feito por quem de direito se preparou para tal coisa.
Por fim, queria dizer que existem tantas coisas importantes e necessárias para serem julgadas, estudadas e modificadas pelo STJ e que não saem da pauta, porque então modificar (pra muito pior) algo que não aspirava nenhuma urgência ou necessidade?! E pra quem tem o sonho de ser jornalista e pensa em ingressar na faculdade de jornalismo eu deixo o meu triste conselho: procure outra graduação na qual você se identifica e que lhe possibilite fazer uma ponte com o jornalismo, pois infelizmente o STJ sepultou sem choro e nem vela o Curso de Jornalismo.

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

Uma Homenagem à Nicolau Maquiavel




Muitas vezes escuto, de alguns amigos do meio acadêmico, comentários a respeito de Nicolau Maquiavel e sua obra. Nem sempre escuto bons comentários, às vezes vejo pessoas crucificarem Maquiavel (muito em virtude de leituras mal feitas de sua obra) acusando-o e diminuindo sua importância dentro do pensamento intelectual, político e social ao longo da história. Acusam-no de ser antidemocrático, acusam-no de ser pragmático de ser violento de pregar pensamentos conflituosos. Quando ouço essas coisas fico extremamente triste e começo a pensar como alguém tão importante e inteligente como Maquiavel pode estar sendo perseguido por pessoas que nem sempre tem leituras suficientes para tais críticas. Em sua obra clássica denominada “O Príncipe” Maquiavel demonstra toda sua sabedoria empírica e intelectual e nos revela brilhantemente as luzes da Ciência Política. A maioria das acusações a seu respeito são feitas de maneira infundada, sem bases sólidas. Acusam Maquiavel de ser antidemocrático olhando sua obra com os olhos de hoje e se esquecem que seu contexto estava longe de uma democracia liberal. Criticam sua forma de enxergar o “bem” e o “mal”, mas na verdade Maquiavel nos revela graciosamente que “A pureza de intenções é capaz de todos os crimes, exatamente como as intenções mais funestas são capazes dos mais nobres atos”. Esquecem-se de que, se hoje temos políticos idiotas e vulgares, Maquiavel já nos apontava para importância no meio político da informação e sabedoria. Esquecem-se de que, se por um lado Maquiavel possa parecer “implacável defensor do poder dos príncipes, e do uso cruel da força bruta por outro se apresenta como defensor da liberdade do povo e mestre sutil da arte de resistir à opressões dos príncipes” o que deixa a dúvida sobre um Maquiavel Republicano ou Monarca. Esquecem-se de que esse filho de seu tempo, o Renascimento, conseguiu transcender as fronteiras de seu espaço e de seu tempo. Esquecem-se de que Maquiavel era um digamos “burocrata de 1º escalão” e gozava de muito prestígio dentro do governo Florentino principalmente pelo que tinha de melhor, a informação. Esquecem-se que Maquiavel era dotado de inteligência lúcida e “foi um dos raros autores a construir sua teoria política a partir da combinação de experiência concreta no trato da coisa pública com a observação aguda do processo político”. Maquiavel aliou ainda o estudo da História para chegar ao conhecimento das ações dos grandes homens, os novos paradigmas da atividade política.
Queria terminar essa homenagem à Maquiavel dizendo que esse homem “não se deixa aprisionar em nenhuma camisa de força capaz de descrevê-lo com precisão, coerência ou nitidez”, e por isso mesmo constitui marco inestimável na trajetória da ciência política universal. Maquiavel nos ensinou que política é antes de tudo exercício de escolha. Maquiavel nos legou que: “a ação política, para ser eficaz e responsável, exige informação correta, diagnostico oportuno, avaliação adequada dos resultados previsíveis, capacidade de decisão e, sobretudo, sabedoria”.

Fontes utilizadas:
MOREIRA, Marcílio Marques, O Pensamento Político de Maquiavel, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1980.

MAQUIAVEL, Nicolau, O Príncipe (1513-1516), Editora Martin Claret, 2007.

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

A “Farra dos Peixes” do Bairro Cidade Nova



Aqui em Stº Antº de Pádua, no bairro Cidade Nova existe um valão que durante quase todo ano fica vazio e sem vida, servindo quase que exclusivamente como receptor do esgoto de todo bairro, o que configura um despejo diário de um número extremamente alto de substâncias poluidoras. Por esse motivo o valão é sujo, cheira mal e não apresenta sinal de nenhum tipo de vida aquática, salvo pouquíssimas exceções. Desta feita, podemos dizer que o valão não tem nenhum atrativo que possa motivar alguém a estar em suas margens ou próximo dele.
Contudo, essa realidade triste é transformada durante os períodos de chuva na Cidade. Ao receber em suas nascentes um volume grande de águas pluviais, o valão tem sua rotina transformada e passa a ser o centro das atenções no Bairro Cidade Nova. Todos os anos quando seu nível de água sobe e sua aparência fica momentaneamente modificada ocorre o que eu denomino “A Farra dos Peixes”. Se antes o valão não hospedava nenhum peixe, com o regime de chuvas fortes ele passa a ter em suas águas um volume incrivelmente alto dos mais variados cardumes. Esse fenômeno atrai o interesse de todos os pescadores do Bairro e até mesmo de bairros visinhos que se deslocam para o valão com suas redes para darem início a mais uma “Farra dos Peixes”. São tantas redes e pescadores que é impossível passar pelo local e não parar pra acompanhar a pescaria múltipla. O valão fica tomado em suas margens por Pescadores e curiosos, o que transforma o poluído e desinteressante valão num centro de entretenimento, diversão e atividade social. Os pescadores com suas redes procuram voltar para casa com um bom número de pescado, os curiosos aproveitam o momento de descontração para conversar uns com os outros e ficam torcendo para que das águas do valão saiam os maiores peixes possíveis. A “Farra dos Peixes” chega a reunir entre 10 e 15 pescadores que dividem entre si os espaços do valão a procura da melhor lançada de rede. Estimo que a cada vez que essa “Farra dos Peixes” acontece, o número de curiosos que passam pelo valão ao longo da pescaria chegue a 200.
Escrevi essa matéria impulsionado pela última “Farra dos Peixes” que ocorreu em 19 de outubro de 2009, na qual eu estava presente acompanhado e registrando tudo. A “Farra” não tem data prevista e acontece em qualquer período do ano, basta que chova bastante e que as águas do valão do Bairro Cidade Nova subam para que ela ocorra.
É claro que nem tudo na “Farra dos Peixes” é festa. Existem grandes problemas que devem ser apontados. O principal deles é que, o fato do valão estar aparentemente limpo durante as cheias não garante a qualidade do pescado o que pode gerar problemas de saúde. Outra coisa que percebo é a presença de crianças em volta do valão o que é um risco para elas, pois a queda na água é um convite ao afogamento. Já presenciei também crianças pescando durante a “Farra” e lugar de criança é estudando e brincando não pescando com redes.
Acredito que o poder público poderia ser mais atencioso e transformar essa “Farra dos Peixes” que hoje é um evento isolado, em uma atividade que gerasse renda para os pescadores da região. Enquanto isso não ocorre ficamos esperando a próxima “Farra dos Peixes” e torcemos para que um dia o poder público tenha mais consciência ambiental e social, e não deixe que um valão de tanto potencial seja a privada de um bairro.

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

sábado, 17 de outubro de 2009

Dia dos Professores: Os Heróis das Causas Perdidas



No último dia 15 foi "comemorado" o dia do Professor. Sem dúvida estabelecer uma data que homenageie esse profissional tão importante é quase uma obrigação social. O lamentável é saber que essa homenagem não passa de uma hipocrisia ridícula, uma vez que, do ponto de vista prático, o profissional de educação no Brasil é massacrado cotidianamente por um governo omisso, negligente, pateta, anacrônico, ridículo e cara-de-pau que nada faz para melhorar as condições de trabalho de nós professores. Se melhorar a condição de trabalho de nós, profissionais da educação, e consequentemente a própria educação brasileira fosse algo difícil, ainda poderíamos justificar a falta de ação do governo, todavia, todos nós sabemos como fazer isso, todos sabem quais são os problemas, mas ninguém quer solucionar, todo mundo sabe enumerar as maiores dificuldades pelas quais os professores passam, mas ninguém muda isso.
Ser professor no Brasil é quase uma missão inglória. Investimos em nossa formação visando sermos bons profissionais e o governo insiste em oferecer esses salários ridículos que só servem para afastar da sala de aula pessoas vocacionadas e competentes para o magistério. Queremos transformar a realidade social através da educação e o que ganhamos com isso são as piores condições de trabalho possíveis. Queremos revolucionar o mundo e somos freados por uma avalanche reacionária que emana do governo.
Muitos educadores migram da sala de aula para outra profissão que exige muito menos capacidade intelectual, impulsionadas por essa total falta de perspectiva de melhorias. Como podemos sonhar com dias melhores para educação brasileira se nem ao menos os profissionais de educação são respeitados enquanto tal?! Perguntas desse tipo fazem com que constatemos que todo e qualquer tipo de manifestação, medidas, decretos e leis governamentais que supostamente visam a melhoria da educação no Brasil não passam de palavras ao vento que muito melhor se classificam como mentiras mesquinhas.
Em contrapartida nós, profissionais da educação, nos mantemos firmes em nossos ideais. Ouvimos cotidianamente que ser professor no Brasil é perda de tempo. Somos intelectuais de formação e vemos outros profissionais semi-analfabetos andarem de carros do ano, e nem por isso deixamos de estudar e nos enriquecer de conhecimentos visando sermos os melhores. Somos heróis, somos os "Dom Quixote" do mundo contemporâneo e "até pode ser que os dragões sejam moinhos de vento", mas acreditamos em nossos ideais. E mesmo que o governo nos faça cada vez mais acreditar que nossa causa é uma causa perdida continuamos trabalhando e se for o caso assumimos o título de "rebeldes sem causa" e seguiremos em frente mesmo que seja apenas "por amor as causas perdidas!"

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O "Bem" e o "Mal" na Política Brasileira: Dá Pra Medir?!


Em nossos dias atuais, marcados pro uma profusão de escândalos políticos, seria um exercício interessante fazermos (ou pelo menos tentarmos fazer) uma reflexão que nos ajude descobrir qual é a medida da maldade de nossos parlamentares.
A julgar pelas análises políticas de Maquiavel (por quem tenho total admiração e respeito) o "bem" e o "mal" não fazem sentido na vida sociopolítica. Essa percepção de Maquiavel serve para nos mostrar que a noção que temos de "bem" e "mal" e que aplicamos na vida social não são as mesmas que devemos ter quando estamos falando de política. Isso se deve muito ao fato de que as ações políticas são impossíveis de serem julgadas (como boas ou ruins) no momento em que estão sendo tomadas. Somente o futuro (ou o resultado dela no futuro) pode determinar seu valor.
Contudo essa posição genial que Maquiavel defende só deve ser aplicada em termos institucionais. Não podemos enquadrar todas essas ações criminosas de nossos digníssimos parlamentares no contexto das ações políticas que acima me referi, embasando-me em Maquiavel. Nesse sentido é possível traçar um paradoxo entre as ações políticas que Maquiavel diz serem imunes de julgamento de valor imediato e as ações políticas criminosas de nossos parlamentares. Nas ações que Maquiavel se refere, o governante age de acordo com as necessidades de momento, mesmo que para isso tenha uma conduta socialmente questionável. Em contrapartida, as ações de nossos políticos de hoje visam, na maioria absoluta das vezes, o bem estar próprio nem que pra isso tenham que mutilar o povo.
Em Maquiavel as ações políticas não podem ser julgadas no momento em que estão sendo tomadas, restando ao tempo o julgamento. Atualmente no Brasil as ações políticas (criminosas) também não podem ser julgadas no momento em que estão sendo tomadas, a diferença é que não resta ao tempo o julgamento, mas sim ao Conselho de Ética do Senado. O tempo como julgador nós deixa uma incógnita, o Conselho de Ética uma certeza: Todas as ações políticas (criminosas) são julgadas como boas ações.
É difícil refletir sobre o "bem" e o "mal" na política, sobretudo na política brasileira. Ou melhor, é fácil. Simplesmente não existe o "mal" na política brasileira. O "mal" na política brasileira é fruto da nossa imaginação. Podemos todos ficar tranqüilos, o Conselho de Ética do Senado nos prova isso com seus julgamentos. Tudo não passa de fruto da nossa poluída imaginação!

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ENEM Vem Que Não Tem!



ENEM Vem Que Não Tem!

Questão de Português:

1) Na frase: "Roubaram a prova do ENEM e deixaram mais de quatro milhões de estudantes perplexos.", onde está o sujeito?

a) Está sendo investigado e responderá a um rigoroso inquérito policial que não vai dar em nada;

b) Está em casa tranqüilo e dando gargalhadas pela ineficiência do sistema de educação brasileiro;

c) Está em casa tranqüilo e comemorando a escolha do Rio para sediar as olimpíadas de 2016.


Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

domingo, 4 de outubro de 2009

Comemora (políticos do) Brasil, as Olímpiadas e a Copa Serão Aqui!


Enfim o Brasil receberá os jogos olímpicos! Isso sim é um fato que merece muita comemoração, não acham?! Tem uma classe no Brasil que certamente ficou muito feliz com a escolha do Rio como sede dos jogos (talvez, ou com certeza, mais feliz que qualquer outro brasileiro). Pensaram que eu estava falando da classe dos atletas?! Se enganaram! Me refiro a classe dos políticos, que já estão fazendo planos para como desfrutar do irriquecimenti ilícito que os espera em virtude das obras a serem realizadas! Talvez a comemoração efusiva da comitiva brasileira na Dinamarca seja um sinal de que dias melhores virão, pra eles é claro! É pra completar a "alegria" de nossos políticos já teremos um "tira gosto" em 2014 com a Copa! Não é de se comemorar?!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Vazamento das Provas do ENEM X Realidade Educacional Brasileira


Mais uma vez o Brasil recebe perplexo uma notícia terrível sobre a capacidade de organização na educação brasileira. Bastou o ENEM ganhar um peso maior no contexto universitário (servindo em muitas instituições federais de ensino superior como único critério de entrada) para que a prova, ou melhor, as provas fossem "misteriosamente" surrupiadas e fossem parar nas mãos de pessoas também "misteriosas", sabe-se lá desde quando.
Coisas desse tipo retratam bem a realidade do ensino brasileiro. Encontramos vários problemas orgânicos em nossa educação. Não temos uma organização minimamente confiável para nos dar garantias básicas de que um dia poderemos ter uma educação de qualidade em nosso território. O episodio do vazamento das provas do ENEM ilustram maravilhosamente bem o quão distantes estamos de termos algum tipo de qualidade em nossa educação. Não adianta termos apenas boas teorias pedagógicas para transformarmos nossa educação (mesmo essas teorias pedagógicas sendo essenciais), não basta que, nós professores, nos esforcemos em mudar nossa realidade (mesmo esse esforço sendo essencial). É necessário que tenhamos políticas públicas sérias que sirvam de suporte pra todo plano teórico educacional. Ora, se não conseguimos nem ao menos manter o sigilo de uma prova, que coloca em jogo o destino de mais de quatro milhões de inscritos, como podemos sonhar com dias melhores? Não sejamos enganadores de nós mesmo e não banquemos os defensores do "pedagogês" ridículo que muitas pessoa teimam em defender. Essa história de que basta que os professores façam isso, basta que apliquemos a teoria disso ou daquilo, basta que os professores façam diferente, etc, etc, etc, não passa de uma ridicularidade de que tem um horizonte intelectual reduzido.
A inexistência de políticas públicas sérias, de um sistema de ensino organizado organicamente, de pessoas preparadas (ou pelo menos que saibam o que é uma sala de aula) para assumirem cargos estratégicos para educação brasileira, impossibilita drasticamente uma mudança em nossa realidade educacional e, em casos como o do vazamento da prova do ENEM, nos rouba até mesmo uma perspectiva de dias melhores.
Queria terminar com uma comparação interessante. Imaginemos que as teorias educacionais e de ensino sejam os livros de uma estante, e imaginemos essa estante cheia desses livros. Agora, por outro lado, imaginemos que as políticas públicas sérias para educação sejam uma mesa, e que essa mesa seja muito pequena. Com uma mesa tão pequena não seríamos capazes de abrir todos os livros da estante sobre ela. Haveria uma desproporção entre a grandiosidade dos livros da estante e o tamanho reduzido da mesa e, consequentemente, uma impossibilidade de um bom trabalho nesse contexto.
É assim que vejo a nossa realidade educacional. Temos grandes teorias e muitos sonhos de utiliza-las, todavia, não temos uma política educacional séria que nos dê o suporte necessário para tornarmos isso possível, principalmente em um país onde não conseguimos nem manter o respeito a nossos estudantes, e deixamos vazar por aí as provas de um exame tão importante, sobretudo esse ano, como o ENEM.

Profº Adriano Vieira (graduado em História-UNIFSJ)