quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Uma Homenagem à Nicolau Maquiavel




Muitas vezes escuto, de alguns amigos do meio acadêmico, comentários a respeito de Nicolau Maquiavel e sua obra. Nem sempre escuto bons comentários, às vezes vejo pessoas crucificarem Maquiavel (muito em virtude de leituras mal feitas de sua obra) acusando-o e diminuindo sua importância dentro do pensamento intelectual, político e social ao longo da história. Acusam-no de ser antidemocrático, acusam-no de ser pragmático de ser violento de pregar pensamentos conflituosos. Quando ouço essas coisas fico extremamente triste e começo a pensar como alguém tão importante e inteligente como Maquiavel pode estar sendo perseguido por pessoas que nem sempre tem leituras suficientes para tais críticas. Em sua obra clássica denominada “O Príncipe” Maquiavel demonstra toda sua sabedoria empírica e intelectual e nos revela brilhantemente as luzes da Ciência Política. A maioria das acusações a seu respeito são feitas de maneira infundada, sem bases sólidas. Acusam Maquiavel de ser antidemocrático olhando sua obra com os olhos de hoje e se esquecem que seu contexto estava longe de uma democracia liberal. Criticam sua forma de enxergar o “bem” e o “mal”, mas na verdade Maquiavel nos revela graciosamente que “A pureza de intenções é capaz de todos os crimes, exatamente como as intenções mais funestas são capazes dos mais nobres atos”. Esquecem-se de que, se hoje temos políticos idiotas e vulgares, Maquiavel já nos apontava para importância no meio político da informação e sabedoria. Esquecem-se de que, se por um lado Maquiavel possa parecer “implacável defensor do poder dos príncipes, e do uso cruel da força bruta por outro se apresenta como defensor da liberdade do povo e mestre sutil da arte de resistir à opressões dos príncipes” o que deixa a dúvida sobre um Maquiavel Republicano ou Monarca. Esquecem-se de que esse filho de seu tempo, o Renascimento, conseguiu transcender as fronteiras de seu espaço e de seu tempo. Esquecem-se de que Maquiavel era um digamos “burocrata de 1º escalão” e gozava de muito prestígio dentro do governo Florentino principalmente pelo que tinha de melhor, a informação. Esquecem-se que Maquiavel era dotado de inteligência lúcida e “foi um dos raros autores a construir sua teoria política a partir da combinação de experiência concreta no trato da coisa pública com a observação aguda do processo político”. Maquiavel aliou ainda o estudo da História para chegar ao conhecimento das ações dos grandes homens, os novos paradigmas da atividade política.
Queria terminar essa homenagem à Maquiavel dizendo que esse homem “não se deixa aprisionar em nenhuma camisa de força capaz de descrevê-lo com precisão, coerência ou nitidez”, e por isso mesmo constitui marco inestimável na trajetória da ciência política universal. Maquiavel nos ensinou que política é antes de tudo exercício de escolha. Maquiavel nos legou que: “a ação política, para ser eficaz e responsável, exige informação correta, diagnostico oportuno, avaliação adequada dos resultados previsíveis, capacidade de decisão e, sobretudo, sabedoria”.

Fontes utilizadas:
MOREIRA, Marcílio Marques, O Pensamento Político de Maquiavel, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1980.

MAQUIAVEL, Nicolau, O Príncipe (1513-1516), Editora Martin Claret, 2007.

Profº Adriano Vieira (Graduado em História-UNIFSJ)

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